Mané gostoso ganhou fama

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Mané gostoso ganhou famaPublicado em 19.10.2009

Boneco criado por marceneiro caruaruense é conhecido em todo Brasil e já correu Europa e Estados Unidos

Myllena Valençamvalenca@jc.com.br


Vive em Caruaru o inventor de um dos brinquedos que mais representam a cultura popular nordestina, o mané gostoso. O marceneiro Otávio José, 79 anos, criou o famoso boneco, que tem pernas e braços movimentados por meio de cordões, quando ainda tinha apenas 10 anos e nem imaginava que sua criação viesse a ser tão popular. Por causa de um problema na visão, Otávio já não fabrica mais os manés, que já foram levados para todo o Brasil e parte da Europa e EUA. Hoje aposentado, ele diz que apesar de copiada, sua produção original terá sempre características inconfundíveis.
Foi o contato com o barro que o ajudou a inventar o mané gostoso. “Eu tinha cinco anos de idade quando perguntei ao meu pai, que era muito sábio, de que a gente era feito. Ele respondeu que saímos do barro. Foi quando comecei a pegar no material e copiar a natureza. Mas depois eu quis uma brincadeira nova, que também tivesse o formato humano. Fiz isso com a madeira”, relembra.
O princípio do pequeno engenho de Otávio, que pula quando se aperta as duas bases de madeira, não precisou de cálculos complicados. Mas o artesão sentiu que o brinquedo era comum demais. “Uni os braços do boneco com uma corda, mas logo vi que, se fossem feitos dois furos, para a corda passar duas vezes, seria mais fácil dar impulso ao mané”, conta. “Eu só criava para meus amigos brincarem comigo. Nunca pensei em vender. Os adultos ficavam espantados, mas como eu iria imaginar que uma invenção simples como essa fosse ter sucesso fora do Brasil?”.
Durante um festival internacional de folclore, promovido em Caruaru, criador e criação vieram a público. “Em 1963 um repórter do Jornal do Commercio veio do Recife me entrevistar. Eu disse a ele que o barro me inspirou na madeira. Depois disso, teve gente do estrangeiro que encomendou 30 dúzias de uma vez só”, lembra.
O marceneiro destaca que para conhecer um trabalho feito por ele basta observar que nenhum boneco é igual ao outro. “Meus moldes são baseados nos rostos das pessoas. Cada um com uma característica diferente. Existe muito mané gostoso nas feiras. Acho bom, porque as crianças aproveitam mais. Nenhuma cópia é tão personalizada quanto a original. O que já fiz vai ficar sempre na lembrança.”