Na memória teatral, o Galpão das Artes tem lugar garantido


 Inconveniência de Ter Coragem tem lugar na memória teatral. A montagem da Consultoria de Ações Culturais ultrapassa uma década no palco, inovada e sem convencionalismo. A marca é rara e exige fôlego artístico e sensibilidade. Agora o texto de Ariano Suassuna não se limita à mesclagem de sátiras de costumes e farsa. Na nova montagem, o inusitado tem vez e os atores sacodem o público de maneira rara. Num exercício cênico de tirar o fôlego, o elenco canta, toca, dança, manipula bonecos e interpreta.

A leitura da cultura popular conquista um espaço no papel do continuísmo original de Suassuna, fora dos portões de uma Taperoá de encantos, graça e beleza. O colorido da chita e dos tecidos traduz um jeito específico de um povo carente de riso na linguagem do teatro.

A necessidade de filtrar permitiu acertos, e o tempo trouxe a pulverização das ideias. Assim consolidam-se no palco Jadenilson Gomes, Charlon Cabral, Tarcísio Queiroz, Ketuly Muniz e Lucas Rafael, com um acréscimo: a participação do coquista Mano de Baé (tocando), uma revelação da cultura popular.

Com a sagacidade de quem sabe seu papel no cenário do mundo artístico, Fábio André, permite-se à ousadia, e conquista um patamar raro, por meio do qual o grupo que coordena mostra-se ao mundo, através da dedicação à arte. Mais do que uma simples apresentação cômica, a nova versão d’ A Inconveniência de Ter Coragem ganha movimento de corpo e voz e alarga as fronteiras do sucesso, numa sobrevivência mágica e ao mesmo tempo semovente. Quem ainda não viu precisa assistir para conferir o que o Galpão das Artes consegue fazer na elaboração de montagem teatral de um espetáculo.



TEXTO DE SIVALDO VENERANDO

JORNAL A VOZ DO PLANALTO

CARPINA - PERNAMBUCO

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