Humor com sotaque
Recife, sexta-feira, 18 de maio de 2012
Últimas sessões de comédia de Limoeiro ocorrem hoje e amanhã, às 20h, no Teatro Arraial
Tatiana Meira
Adaptada da obra de Ariano, A inconveniência de ter coragem garante boas risadas. Imagem: GUSTAVO JULIO/DIVULGAÇÃO |
O texto de Ariano Suassuna nesta comédia regional, por si só, já seria
garantia de boas risadas. Acrescente a A incoveniência de ter coragem um
elenco afiado, que já vem na estrada faz algum tempo, tendo cruzado um
oceano para chegar a Portugal e ido a festivais no Rio de Janeiro e no
Amazonas, além de uma dose de musicalidade. O espetáculo do Galpão das
Artes, misto de companhia de artes e espaço cultural, em Limoeiro, a 77
quilômetros do Recife, pode ser visto na capital pernambucana em breve
temporada no Teatro Arraial. As duas últimas apresentações serão hoje e
sábado, às 20h, com ingressos a R$ 10 (preço único). A direção é do
arte-educador Fábio André.
A disputa pelo amor de Marieta (Kettuly Muniz) é acirrada entre o cabo
Rosinha (Tarcísio Queiroz) e o fazendeiro Vicentão Borrote (Charlon
Cabral). Mas quem rouba a cena mesmo é o ator Jadenilson Gomes, na pele
do matreiro Benedito, de cara pintada de preto, como no cavalo-marinho,
personagem que tenta roubar a atenção da mocinha, aumentando a peleja
entre os dois outros pretendentes. Mal sabia ele, no entanto, que seu
principal concorrente, na verdade, era Pedro (Lucas Rafael), um
caminhoneiro e ex-paixão de Marieta.
Na abertura e também acompanhando a trilha sonora, o coquista Mano de
Baé, de Tracunhaém, que também é artesão e coloca a plateia para
segui-lo em coro nas canções, no compasso do pandeiro. O mesmo recurso
de interagir com o público é muito bem utilizado por
Benedito/Jadenilson, quando ele canta bregas para conquistar a Marieta.
A incoveniência também existe em versão para a rua. No Arraial, porém,
ganha com o uso dos mamulengos no palco e com a intimidade com a plateia
que o texto exige. Tarcísio Queiroz faz uma dança impagável balançando a
barriga saliente, o que lhe rendeu o prêmio de melhor ator coadjuvante
no 18º Janeiro de Grandes Espetáculos. Jadenilson, por sua vez, é
experiente no palco, já participou de grupos no Recife e possui um ótimo
trabalho corporal, que o permite cantar, dançar e conquistar o
espectador com o jeito bem-humorado e a linguagem nordestina de seu
Benedito. “O espetáculo agrega a história de alguns dos elementos
pitorescos do cotidiano popular nordestino bastante explorados por
Ariano Suassuna”, defende Fábio André. Como sugestão, apenas, talvez
alguma adequação no figurino, mudando as perucas dos personagens, feitas
de espuma
Humor com sotaque
Reviewed by Centro de Criação Galpão das Artes
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