Relato de uma Experiência Artística Altamente Relevante por Cláudia Maria de Vasconcellos (dramaturga)

 

Há seis anos venho me comunicando com o Galpão das Artes - Limoeiro, através de Charlon Cabral, um de seus integrantes e coordenadores. Desde sempre a idéia era montar em Limoeiro o texto de minha autoria, As Roupas do Rei, que já havia sido encenado em São Paulo, em 2002. A idéia de estrear As Roupas... no nordeste, me entusiasmou de imediato. Se seis anos parecem muito tempo para a concretização de um sonho artístico, confesso que valeu muito a espera. Porque quando o projeto pode se realizar finalmente - com o patrocínio imprescindível da FUNCULTURA, FUNDARPE, SECRETARIA DE CULTURA e GOVERNO DE PERNAMBUCO -, ele se concretizou num formato absolutamente lindo: O Lúdico nos Lugares Distantes! Com este conceito poético, o Galpão das Artes aliou a montagem de As Roupas... com uma missão artística urgente: levar o teatro para quem nunca o viu.

Charlon Cabral, assim como Fabio Andre, Luiz Navarro, Jadenilson Gomes, Edna Alves e outros artistas e colaboradores do Galpão das Artes, compartilham comigo a convicção de que o Teatro (todas as artes, enfim) tem um potencial transformador, tanto do ponto de vista cultural quanto social, que precisa ser posto em prática sem falta e programaticamente. Conhecendo as ações do grupo em várias frentes, percebi seu comprometimento e empenho na prática das artes como aprimoramento humano e ético, posto a serviço de crianças e adultos de sua cidade. Comprometimento e empenho que tem história, história da qual pude participar e conhecer concretamente nos quatro dias intensos de minha visita a Limoeiro.

Acompanhei duas caravanas - se posso assim nomear as saídas do grupo para a zona rural -, assitindo apresentações nas comunidades de Ribeiro do Mel e Pitombera.

A mistura de mamulengo com clown, de maracatu com samba, de Pernambuco com São Paulo, de atores muito jovens com outros mais experientes, de rua com ribalta, de riso com comoção, deu um caldo saboroso e que nutriu cada espectador - e eu me incluo entre os espectadores - com alegria, boa vontade e arte. As Roupas do Rei conta com um time de atores talentosos. Interpretam e cantam e dançam e encantam. Conta também com um staff artístico e logístico perfeitos.  E ainda realiza procedimentos importantíssimos como a Roda de Conversa, de que pude participar. Explico: tendo finalizado as apresentações de O Lúdico nos Lugares Distantes, o grupo abriu uma roda de conversa, para partilhar a experiência e ouvir comentários de vários agentes sociais. Estavam lá professores, artistas, personalidades públicas e secretários municipais. Esta iniciativa já diz tudo sobre o caráter exemplarmente democrático do grupo, que se faz ouvir artísticamente, mas, por sua vez, quer ouvir e partilhar experiências.