A
difusão cultural do brinquedo popular através do Centro de Criação Galpão das Artes
Se
por diversas vezes nós nos deparamos com os avanços tecnológicos das novas
gerações, podemos observar que as antigas linguagens lúdicas, encontram-se ressignificadas
ao longo dos anos para atrair a atenção desse célere público. O sujeito da
pós-modernidade reflete e contextualiza seus processos intrínsecos diariamente,
é um ser em devir frenético, absorve as interculturalidades e as transmite com
novas roupagens, porém com o mesmo objetivo adicionando um olhar mais analítico
em sua execução. O valor monetário não faz sentido no ato do prazer da
brincadeira. Brinquedos industrializados e populares não são elementos
díspares, mas se completam em um campo mais subjetivo para cada um. Segundo
Hernandez:
Isto significa considerar que as
imagens e outras representações visuais são portadoras e mediadoras de
significados e posições discursivas que contribuem para pensar o mundo e para
pensarmos a nós mesmos como sujeitos. (HERNANDEZ-F.A, 2012)
O
brinquedo popular no século XXI traz consigo imaginários sublimes, que, do
rodopio do rói-rói ao arremesso da peteca, constroem em cada indivíduo a magia
do brincar. A iniciativa do teatrólogo, professor e pedagogo Fábio André, diretor
do Teatro e Centro de Criação Galpão das Artes em Limoeiro, localizado no
agreste pernambucano, possibilitou, primeiramente, a inserção desses brinquedos
com mais força no cotidiano de nossos pequenos limoeirenses, renovando elos
perdidos na cultura infantil da cidade. É plausível que tal experiência logrou
êxito em seus múltiplos aspectos, atraindo a atenção da imprensa nacional e
inúmeras instituições que acolheram o projeto pelo país, enriquecendo o trajeto
e comtemplando o seu maior objetivo: resgatar o brinquedo popular.
Em
um olhar mais amplo na historia da arte e “ofícios” que condiz ao termo
genérico de “artesanato”, percebe-se nos inúmeros discursos a ligação do
brinquedo popular aos grupos mais paupérrimos, desprovidos de condições socioeconômicas
para a aquisição dos mecânicos brinquedos estrangeiros, veiculados por valores
exorbitantes pelos seus importadores. Contudo, o brinquedo popular em sua
ingenuidade vai mais além, revela características e significados que
ressuscitam memórias, reabilitam diálogos entre gerações e eternizam utopias seculares.
A
estética singular das formas dos brinquedos desenvolvidos pela responsável
pelas oficinas, a pedagoga e brinquedista Edna Alves, componente do educativo
do Galpão das Artes, remete aos onipresentes designs da cultura de nossa
região, permitindo um sopro vital da originalidade imagética que nos cerca. A
introdução dos brinquedos para os diversos grupos atendidos pelo Galpão das
Artes, entre crianças e educadores, exerce papel didático efetivo na forma como
esta é apresentada, perpassando história, oficina e recreação de forma arguta. A
construção do brinquedo pela criança é uma ação das mais fascinantes, pois o
educando defronta-se com o rompimento de suas expectativas de receber um
brinquedo finalizado, tornando-se o sujeito fundamental para realizar seu
próprio divertimento.
Além
da rica composição de suas relações na infância, por si só o ato de brincar vai
do deleite à saúde, exigindo do corpo movimentos dinâmicos que resultam em
benefícios físico-psíquicos fundamentais em seu progresso individual. A
sutileza a qual se mesclam universos nas oficinas de brinquedos ministradas
através do Galpão das Artes, não apenas impedem que estes valorosos objetos
possam sucumbir no esquecimento, mas também ativem uma congruente anamnese no
modo como percebemos as diversas realidades que compreendem nossas vidas.
.
Nem mesmo o caos da política brasileira pode impedir que os happenings das
ações culturais silenciem mediante a opressão da invisível “crise” que
atormenta o atual governo. Se as expectativas da função das subjetivas leis que
regem as políticas públicas e educacionais a favor da educação artística fossem
efetivas, ampliariam universos de possibilidades para cada indivíduo,
resultando na força polivalente que a arte exerce sobre nosso âmago. Portanto,
iniciativas como esta desempenhadas com benevolência para com o próximo, fazem
do Galpão das Artes um reduto cultural que não se perde no horizonte de sua
ilha, mas que almeja compor vários arquipélagos.
Referências:
BRASIL Estatuto da Criança e
do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 / Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da criança e do Adolescente CEDCA/ PE; Org. João Candido
Melo Sobrinho - Recife: CEDCA/PE, 2015.
HALL, Stuart. A identidade
na pós-modernidade – 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
HERNANDEZ-F. A cultura
visual como um convite à deslocalização do olhar.-Educação da cultura visual.
2012.
PORCHER, Louis. Educação
Artística – Luxo ou necessidade? São Paulo: Summus Editorial, 1982.
Dilhermando Alves de Assis
Arte-educador e artista plástico. Graduando do curso de
Artes Visuais na Universidade Federal de Pernambuco- UFPE.Em suas pesquisas,
dedica-se às relações sistêmicas no campo das artes visuais.
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