DILHERMANDO ALVES COMENTA " O PERU DO CÃO COXO "



Impressões sobre “O Peru do Cão Coxo”

O espetáculo “O Peru do Cão Coxo” produzido pela equipe do Centro de Criação Galpão das Artes, sob regência de Fábio André, conforme presenciado no Museu Cais do Sertão, em Recife, desdobra o imaginário criado por Ariano Suassuna no primeiro ato de sua peça “A Farsa da Boa Preguiça”, de 1960, em diálogo atemporal do comportamento humano e da cultura regional. 
Conduzido por uma figura central que exerce o papel sagrado e nefasto, o ator e diretor da peça Charlon Cabral, reproduz com exímia experiência ambientando-nos para o Sertão de Taperoá, onde o tom cômico da adaptação é cadenciado pelas desgraças da riqueza e arrogância do ser  em contraponto com o “feliz” marasmo do casal humilde. O sincretismo do texto de Ariano revigora as raízes do movimento Armorial, enquanto a interpretação dos artistas exerce a vida das personagens que cercados de música, artesanato e dança, executam não somente uma magnífica homenagem ao mestre Ariano, mas eternizam a cultura de nosso povo em cada gesto, em cada olhar.
O figurino nos transporta para todo um universo lúdico, que nos mantém atentos em cada detalhe, como em suas texturas, cores e acabamentos que  remetem às vestimentas elaboradas do Barroco  europeu, em uma senda sem contrastes, onde é possível admirar a beleza da indumentária de cada caráter. É plausível destacar a campanha de agasalhos, realizada pela equipe na cidade de Limoeiro, interior de Pernambuco,  para que esse material pudesse ser (re)utilizado na confecção de tal figurino e cenário, pelo ator e figurinista Thiago Freitas, ampliando as vertentes mais humanas da produção.
Sinceras congratulações aos artistas Jadenilson Gomes, Charlon Cabral, Lucas Dias, Gaby Salles, Dvson Alves, Márcia Cabral, Gléicio Cabral e Thiago Freitas, por suas insignes contribuições para o teatro pernambucano, tal como, salvaguardar a memória popular nordestina. Meus votos para mais ações como esta, que exercem em cada um de nós a importância de um mundo mais humano,  ciente da importância do devir frenético que a arte nos propicia.

Dilhermando Alves cursa ARTES VISUAIS na UFPE

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