Um olhar sobre o
espetáculo “O Peru do Cão Coxo”
Por Jomeri Pontes –
Jornalista e Ator
Sabe aquele espetáculo que a gente fica querendo ver de novo?
Igual àquela comida deliciosa, caprichada, preparada com esmero, que é uma
festa para os olhos e a gente não pode deixar de repetir? Assim é a peça
teatral “O Peru do Cão Coxo”, uma montagem do Centro de Criação Galpão das
Artes, de Limoeiro. Os atores já entram “causando” no palco, transformado em
picadeiro e, a partir daí, num imenso crescendo, tudo é só beleza, tudo é só descontração,
tudo é só riso.
A música ao vivo, o canto alto ecoando por todo o espaço, o figurino
luxuoso, detalhado e lindíssimo e a exuberante performance do elenco com muitas
caras e bocas realçadas por uma maquiagem muito bem colocada são, de
bate-pronto, uma verdadeira explosão logo na entrada em cena, por entre os
espectadores, num claro recado do que irão ver ali naquele instante. O grupo chega
chegando, literalmente, e anuncia - como num circo - que vai ter espetáculo,
sim, senhor. E que espetáculo!
Vibrante, elétrica, movimentada, pra cima, a montagem do
texto do grande Ariano Suassuna segura a atenção do espectador, do começo ao
fim, com os atores muito bem encarnados em personagens que retratam os
conflitos da Taperoá da primeira metade do século 20, terra do escritor, onde
trapaceiros ludibriavam suas vítimas em tramas um tanto pueris, porém com boa
dosagem de malícia e muita, mas muita comicidade.
A montagem do Centro do Galpão das Artes agrada e muito. Tanto
que, além dos prêmios de melhor figurino e melhor maquiagem (ambos com assinatura
de Thiago Freitas) no II Festeráguas - o festival de teatro de São Benedito do
Sul-PE, a peça ainda teve indicações para melhor diretor (Charlon Cabral),
melhor espetáculo, melhor ator (Jadenilson Gomes - brilhante atuação), melhor
atriz (Gaby Salles), melhor ator coadjuvante (Dvson Alves - também numa atuação
irrepreensível) e melhor cenário - retrata um picadeiro, locação perfeita para
o que ali se passa.
“O Peru do Cão Coxo” é um espetáculo para ser visto e revisto
- como afirmado no início - por ser mágico, lírico, bem conduzido do início ao
final, ter uma deslumbrante direção de arte e ser um show em tudo a que se
propôs. Como é bom vermos Limoeiro fazendo um teatro-pesquisa, um teatro de
qualidade. Parabéns!
JORNALISTA JOMERI PONTES COMENTA O PERU DO CÃO COXO
Reviewed by Centro de Criação Galpão das Artes
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06:22
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