Impressões sobre “O Peru do Cão Coxo”

Conduzido por uma figura central que exerce o papel sagrado e nefasto, o ator e diretor da peça Charlon Cabral, reproduz com exímia experiência ambientando-nos para o Sertão de Taperoá, onde o tom cômico da adaptação é cadenciado pelas desgraças da riqueza e arrogância do ser em contraponto com o “feliz” marasmo do casal humilde. O sincretismo do texto de Ariano revigora as raízes do movimento Armorial, enquanto a interpretação dos artistas exerce a vida das personagens que cercados de música, artesanato e dança, executam não somente uma magnífica homenagem ao mestre Ariano, mas eternizam a cultura de nosso povo em cada gesto, em cada olhar.
O figurino nos transporta para todo um universo lúdico, que nos mantém atentos em cada detalhe, como em suas texturas, cores e acabamentos que remetem às vestimentas elaboradas do Barroco europeu, em uma senda sem contrastes, onde é possível admirar a beleza da indumentária de cada caráter. É plausível destacar a campanha de agasalhos, realizada pela equipe na cidade de Limoeiro, interior de Pernambuco, para que esse material pudesse ser (re)utilizado na confecção de tal figurino e cenário, pelo ator e figurinista Thiago Freitas, ampliando as vertentes mais humanas da produção.
Sinceras congratulações aos artistas Jadenilson Gomes, Charlon Cabral, Lucas Dias, Gaby Salles, Dvson Alves, Márcia Cabral, Gléicio Cabral e Thiago Freitas, por suas insignes contribuições para o teatro pernambucano, tal como, salvaguardar a memória popular nordestina. Meus votos para mais ações como esta, que exercem em cada um de nós a importância de um mundo mais humano, ciente da importância do devir frenético que a arte nos propicia.
Dilhermando Alves cursa ARTES VISUAIS na UFPE
DILHERMANDO ALVES COMENTA " O PERU DO CÃO COXO "
Reviewed by Centro de Criação Galpão das Artes
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18:43
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